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Responsabilidade Civil dos Médicos: Como Evitar Processos


A responsabilidade civil dos médicos é um tema de extrema relevância no exercício da medicina. Com o aumento das demandas judiciais contra profissionais de saúde, é essencial que médicos e gestores de clínicas médicas adotem práticas preventivas para minimizar os riscos de processos. Este artigo aborda as principais causas de processos contra médicos e oferece orientações práticas para evitar responsabilidades civis.

 

Entendendo a Responsabilidade Civil Médica

A responsabilidade civil médica é um conceito jurídico que envolve a obrigação do médico de reparar danos causados a pacientes em decorrência de erro, negligência, imprudência ou imperícia. No Brasil, a responsabilidade civil dos médicos é, em regra, subjetiva, ou seja, exige a comprovação de culpa para que haja a obrigação de indenizar.

Para que haja a responsabilização civil do médico, é necessário comprovar três elementos essenciais:

1. Ato Ilícito: A conduta do médico que viola um dever jurídico, seja por ação ou omissão. Isso inclui erros de diagnóstico, tratamento inadequado, falta de informações ao paciente, entre outros.

2. Dano: O prejuízo sofrido pelo paciente, que pode ser de natureza física, moral ou material. O dano deve ser real e comprovado, não bastando a mera alegação de insatisfação com o tratamento.

3. Nexo Causal: A relação de causa e efeito entre o ato ilícito e o dano sofrido pelo paciente. É necessário demonstrar que o dano foi diretamente causado pela conduta do médico.

 

Havendo o cumprimento dos 3 elementos, a culpa médica pode se manifestar de diferentes formas, sendo:

Negligência: Falta de cuidado ou atenção na execução dos atos médicos. Exemplos incluem o esquecimento de instrumentos cirúrgicos no corpo do paciente ou a omissão de exames essenciais.

Imprudência: Ação precipitada ou sem a devida cautela. Um exemplo clássico é a realização de procedimentos arriscados sem a avaliação adequada dos riscos envolvidos.

Imperícia: Falta de habilidade técnica ou conhecimento necessário para a execução de um ato médico. Isso pode ocorrer quando o profissional realiza procedimentos para os quais não está devidamente capacitado.

 

A regra geral é que a responsabilidade civil do médico é subjetiva, ou seja, precisa da comprovação dos elementos acima para obter a condenação. Por outro lado, em algumas situações específicas, a jurisprudência tem aplicado a responsabilidade civil objetiva, onde não é necessária a comprovação de culpa. Isso ocorre, por exemplo, nos casos de cirurgia plástica, embora, não concordemos com este entendimento.

 

A jurisprudência brasileira tem mostrado uma tendência crescente de responsabilização dos médicos, especialmente em casos em que há falha na comunicação com o paciente ou na obtenção do consentimento informado. Os tribunais têm enfatizado a importância da transparência e da clareza na relação médico-paciente, reconhecendo que a informação adequada é um direito fundamental do paciente.

 

Para minimizar os riscos de processos judiciais, médicos e gestores de clínicas médicas devem adotar as seguintes práticas preventivas:

 

1. Comunicação Clara e Efetiva

Uma boa comunicação com o paciente é fundamental. Explique detalhadamente o diagnóstico, os tratamentos propostos, os riscos envolvidos e as alternativas disponíveis. Utilize uma linguagem acessível e certifique-se de que o paciente compreendeu todas as informações.

 

2. Registro Detalhado

Mantenha um prontuário médico completo e detalhado. Registre todas as consultas, exames, diagnósticos, tratamentos e orientações fornecidas ao paciente. Um prontuário bem elaborado pode ser crucial na defesa em caso de processo judicial.

 

3. Consentimento Informado

Obtenha o consentimento informado do paciente antes de realizar qualquer procedimento. O consentimento deve ser documentado por escrito e deve incluir informações sobre os riscos, benefícios e alternativas do tratamento.

 

4. Assessoria Jurídica Preventiva

Elaboração de documentos médicos personalizados confere maior transparência e segurança ao paciente e ao médico. Assim como a ausência de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi motivo de condenação de médico, mesmo sem ter cometido erro médico, os Tribunais também estão invalidando o TCLE genérico.


5. Protocolos e Procedimentos

Adote e siga rigorosamente protocolos e procedimentos padronizados. A implementação de protocolos clínicos contribui para a padronização do atendimento e reduz a ocorrência de erros.

 

Em síntese, a responsabilidade civil dos médicos é um tema que exige atenção e cuidado. Adotar práticas preventivas é fundamental para evitar processos judiciais e garantir a segurança dos pacientes. Comunicação clara, registro detalhado, consentimento informado, atualização profissional, seguro de responsabilidade civil e adoção de protocolos são medidas essenciais para minimizar os riscos e proteger a prática médica. Importante salientar, que documentos médicos bem elaborados não são garantia de que o médico não será processado. Mas, manter esta documentação pode mudar o resultado de um processo administrativo e/ou judicial.

 

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